Nvidia sob pressão: Jensen Huang vai à China tentar salvar mercado após proibição de chips
Com a recente proibição dos EUA à exportação do chip H20 para a China, a Nvidia enfrenta um impacto financeiro bilionário e risco de perder presença no seu segundo maior mercado. Jensen Huang, CEO da empresa, fez uma visita estratégica a Pequim para negociar alternativas e garantir que a Nvidia continue relevante no cenário chinês de tecnologia e inteligência artificial.
O que está a acontecer?
O CEO da Nvidia, Jensen Huang, fez uma visita oficial a Pequim na quinta-feira (17), num momento de tensão crescente entre os Estados Unidos e a China. A missão? Proteger o mercado chinês da Nvidia, após novas restrições impostas pelo governo norte-americano à venda de chips avançados — incluindo o chip H20, um dos carros-chefe da empresa no país asiático.
Segundo fontes do Financial Times, Huang reuniu-se com autoridades chinesas de alto escalão, incluindo o vice-premiê He Lifeng, além de líderes de empresas de tecnologia locais como a startup DeepSeek, focada em inteligência artificial generativa.
Por que a visita é importante?
A visita vem poucos dias depois de a Nvidia anunciar um possível impacto de US$ 5,5 bilhões devido à proibição do chip H20. O anúncio causou uma queda de 7% nas ações da empresa e arrastou o índice Nasdaq, com recuo de mais de 3%.
O H20 foi criado justamente para tentar contornar os controles de exportação da era Biden. Porém, com a nova rodada de sanções do governo Trump, ele também passou a exigir licença especial para ser vendido na China — o que na prática suspendeu sua comercialização.
O mercado chinês é estratégico para a Nvidia?
Sim, e muito. Em 2023, US$ 17 bilhões do faturamento da Nvidia vieram da China. E mais: a demanda por chips de inteligência artificial só cresce no país, especialmente com o avanço de startups como a DeepSeek, que lançou um modelo de IA generativa competitivo com soluções americanas.
Mas a pressão não vem só dos EUA. O próprio governo chinês tem incentivado empresas locais a adotar soluções nacionais, como os chips Ascend da Huawei, mesmo com limitações técnicas. Isso obriga a Nvidia a inovar e se adaptar se quiser manter seu espaço.
O que foi discutido nas reuniões?
De acordo com o FT, Huang e seus interlocutores discutiram a possibilidade de criar um novo chip que respeite simultaneamente as exigências dos EUA e da China. A ideia é encontrar um meio-termo técnico e político que permita à Nvidia continuar operando num ambiente de regulação cada vez mais apertado.
Huang também afirmou à CCTV que a China é um mercado vital para a empresa e reforçou o desejo de manter a cooperação com o país.
E a DeepSeek?
Durante a visita, Huang encontrou-se com o fundador da DeepSeek, Liang Wenfeng, para debater o crescimento da IA generativa na China. Em janeiro, a empresa apresentou um modelo de IA promissor, treinado com um custo reduzido. Isso acendeu alertas no Congresso dos EUA sobre o possível uso de chips restritos no desenvolvimento da tecnologia — o que pode influenciar ainda mais futuras sanções.
A visita de Jensen Huang mostra o quanto a Nvidia está disposta a negociar para preservar sua fatia no mercado chinês. Entre sanções americanas e pressões internas chinesas, a gigante dos chips precisa reinventar sua estratégia para continuar competitiva.
O futuro da empresa no segundo maior mercado do mundo depende, agora, não só de inovação, mas de diplomacia e agilidade política.
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